Uma das grandes vantagens de viajar é o acréscimo de conhecimento que proporciona e, com ele, o despertar de uma elevada quantidade de novos pensamentos.
Numa recente viagem a Pisa, quando conversava com o que (penso) seria o dono de um restaurante no centro histórico, perguntei, em tom de brincadeira, quando endireitavam a Torre. A resposta dele foi que “o importante é não deixar a Torre cair”.
Esta resposta fez-me pensar imediatamente no mundo dos negócios e nos clientes que nos chamam quando os seus negócios estão "tortos", nomeadamente, em dois pontos:
- Grau de inclinação;
- Estratégia de resolução do problema.
No que diz respeito ao grau de inclinação, a nossa cultura é de muitas vezes ignorar os desvios existentes entre a realidade e as nossas previsões, não tomando medidas imediatas para voltar ao rumo certo. Este ignorar dos problemas, vivendo como se eles não existissem, faz com que, muitas das vezes, eles se agravem, levando as empresas a desvios elevados, que resultam na maioria dos casos na sua queda.
Tradicionalmente, é neste ponto, pré-queda que as empresas optam por tomar medidas e em chamar “ajuda para segurar a Torre”. É neste momento que é essencial a competência e seriedade dos consultores, na definição de uma correta estratégia de resolução dos problemas, que contribua positivamente para o cliente.
Sendo chamados a intervir demasiado tarde o que os consultores, normalmente se deparam, na sua análise, é com um conjunto de problemas que se tornaram estruturais e que condicionam o desenvolvimento e resultados das empresas. Esta situação torna prioritárias medidas de resolução de problemas internos (estrutura, recursos, equipamentos, produtos, entre outros), com impactos visíveis a médio ou longo-prazo. Muitas vezes esta visão vai contra o que são as prioridades dos gestores das empresas, que transportam a culpa das dificuldades para fatores externos, e procuram soluções com resultados imediatos.
Assim, é importante existir um consenso entre as administrações e os consultores, sobre qual a estratégia a aplicar para a resolução dos problemas, analisando o impacto de cada medida e mantendo o foco que “o importante é não deixar a Torre cair”.
Da parte dos consultores deve ser evitada uma postura de ilusão do cliente, tal como os turistas que tiram fotos onde demonstram ser essenciais para segurar a Torre, mas que na realidade em nada contribuem para a sua manutenção. O consultor deve ser sério sobre o impacto real das medidas sugeridas por si e em quanto a melhoria da empresa depende delas. Por outro lado, vendo o consultor que não possui as competências necessárias para auxiliar o seu cliente na resolução dos seus problemas, deve ele próprio intervir no sentido de ser chamada ajuda adicional, que contribua para a Torre não cair.